quinta-feira, outubro 20, 2011

Roubada e traída

Sinto-me roubada e traída. Traída sim, e, mal paga, literalmente. Não, não é o que estão a pensar: dessas traições, já não sofro, há pelo menos 30 anos, que eu saiba... Traída, porque acreditei que se trabalhasse, estudasse e me esforçasse, um dia seria compensada. Eu sei, eu sei - mentalidade Judaico/Cristã, "sofre, trabalha, sacrifica-te e ganharás o céu". Claro que eu não queria ganhar o céu, não sou assim tão ambiciosa, vinda de família pobre, queria, pura e simplesmente, ganhar o suficiente para ter uma vida decente, e uma velhice confortável. E, acreditando nisso, lá trabalhei, como a formiga da fábula - aos dezoito anos, com a 4ª classe, comecei a estudar de noite, porque, de dia tinha de fazer de dona de casa – a minha Mãe morreu quando eu tinha treze anos, e com três irmãos mais novos para cuidar, fui a gata borralheira, lá de casa, com direito a muito pouco. Foi assim que fiz o primeiro e o segundo ciclo e depois tirei um curso técnico. Trabalhei no laboratório duma fábrica durante seis anos e continuei a estudar. Entretanto, tive a sorte de mudar para um laboratório hospitalar que funcionava 24 sobre 24 horas, e aí acabei licenciatura e Mestrado. Para poder ir às aulas da faculdade, fiz os horários nocturnos, que me pertenciam e os que outros não queriam. Trabalhei sábados, domingos, feriados, noites e dias de Natal e de Fim de Ano. Penosas. Depois mudei de trabalho, fui Directora e Professora numa Escola Superior de Tecnologia da Saúde. Também aí dei o meu melhor. Sem me considerar diferente, nem superior a outras pessoas, que fizeram sacrifícios semelhantes aos meus, tinha sempre uma esperança, um objectivo: amanhã será melhor! Hoje não posso, pensava eu, mas um dia hei-de ter tempo e dinheiro para viver melhor, ler os livros que não pude ler e ver os filmes que não vi, e, viajar, viajar por horizontes apenas sonhados! E pronto, vivi nessa ilusão e nesse desiderato todos os trinta e seis anos em que trabalhei e fiz descontos. E agora, vêm estes senhores, que, como diz o outro – “não sabem nada da vida”, e, se calhar nunca fizeram sacrifício nenhum para ter tudo o que têm, e subtraem-me, uma grande parte da aposentação. Eu, como tantos outros que cumpriram, que pagaram os impostos e todas as coisas que adquiriram, sinto-me roubada e traída!
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quinta-feira, junho 30, 2011

Governo admite medidas de carácter extraordinário

Olhem só que alegria tão grande!
Serão estas as medidas "criativas" que PPC tanto recomendava aos outros?

terça-feira, junho 21, 2011

Assunção Esteves

segunda-feira, junho 20, 2011

Isto começa bem, começa

segunda-feira, junho 13, 2011

Gimonde



Tu conheces Gimonde?
Sabes onde fica? Eu não conhecia, nem sabia que existia uma terra com este nome, e, era uma pena. Gimonde, é uma terra lindíssima, serena, verdejante, cheio de locais mágicos, onde o tempo parece ter parado. Acho que parou mesmo, para contemplar o rio Igrejas, na margem do qual os habitantes locais fazem as suas culturas de sobrevivência. Aqui, as cerejeiras, estão de ramos pendentes, num festival de verde e vermelho, porque pejadas de cerejas, praticamente endémicas, que ninguém apanha nem vende. Em Gimonde, há uma árvore altíssima, onde todos os anos, uma cegonha vem fazer ninho, mas, talvez , devido à idade, a árvore secou. Então, a "Junta de Freguesia e os "embientalistas", como me explicou o Sr. João, mandaram construir uma estrutura de ferro, "que até ficou bem cara", para segurar a árvore e salvar o ninho. Fiquei maravilhada, mas ainda não refeita da beleza desta terra e das surpresas que ela me estava a proporcionar, aparece Catarina (perguntei-lhe o nome), mulher do Sr. João, empurrando, com dificuldade, um motor de rega, que eu já não via há mais de vinte anos. Meto conversa e pergunto-lhe porque é que ainda trabalha, ela diz-me que tem de trabalhar para comer e agora tem de ir regar as batatas porque "aqui a terra é escrava" e a "reforma é tão pequena, mal dá para os seis medicamentos que tomo todos os dias" - tensão, artroses, varizes, estômago e sei lá que mais! Peço-lhe que me deixe tirar uma fotografia, ela diz que sim, mas pergunta para que quero eu a fotografia duma velha? Quantos anos tem?, pergunto eu. Fico sem chão quando ela me diz a idade - é mais nova do que eu. Faço-lhe notar isso, ela ri-se e diz-me - "trabalho no campo de sol a sol e nunca usei cremes..." Não sei o que lhe hei-de dizer, mas ela sabe, e diz-me "espere aí um instante que lhe vou buscar cerejas, deram-me umas quantas e chega para as duas". Protesto, digo que quero comprar, mas ela nem me ouve, vai buscar as cerejas e dá-me um saco delas - lindas, vermelhas carnudas. Eu agradeço-lhe, e à falta de melhor, abraço-a com força, e sento-me, junto ao rio, a comer as cerejas, enquanto vou observando o voo da cegonha à volta do ninho. Sim, eu não conhecia a Catarina, nem sabia onde ficava Gimonde. Agora sei e não vou esquecer nunca - é uma aldeia do “Parque Natural de Montesinho”, ali bem junto do meu coração.

terça-feira, março 01, 2011

"O meu povo adora-me", diz Khadafi

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

“Não deixo o país, morro como mártir”